PeopleBook

As festas de Natal no Restaurante Pinguim

Essas pessoas que não acreditam em Papai Noel não tiveram a mágica criatividade e o ensinamento do evangelho de seus pais em suas vidas. O que existe é Deus. E existe a magia do Natal representado numa figura de um velhinho bondoso e cheio de amor, que vem recompensar aos que foram bons, honestos e que cumpriram os 10 mandamentos, alguns com presentes e outros com bênçãos. Meus pais sempre fizeram com que o Natal fosse um momento de Glórias, Louvores, Orações ao Menino Jesus e trazia o Papai Noel representando esse momento que deveria ser de paz, de alegrias, de trocas de abraços.

Meus pais sempre foram de muita fé, mas também foram muito criativos fazendo desta festa um momento mágico, inesquecível para todos nós, seus filhos.

Explicavam que a manjedoura era simples, mas cheia de Luz; que deveríamos dobrar os joelhos. As crianças ficariam com o ‘ar’ da Graça da noite encantada, cheia de luz, de amor e de presentes representando a doação e para os adultos seria o momento de reflexão sobre o Ser da Redenção.

O Restaurante finalmente era fechado, pois deveria ser um momento para a família e as comidas especiais, com frutas, sobremesas eram colocadas no reservado que ficava no primeiro andar do restaurante Pinguim. Apreciávamos aquelas comidas feitas com todo carinho, muito gostosas e quem quisesse participar (como algum empregado que ficasse essa data conosco).

Depois disso, ficávamos conversando até que tudo fosse guardado para não estragar, tudo na medida certa, até a hora destinada a fazer uma fila do menor ao maior para subir até o segundo andar onde estaria a árvore de Natal (aprontada sem que a gente visse), uma mesa com comes e bebes (bolachas de natal, cuques de vários sabores e sobremesas) e um amontoado de presentes com os referidos destinatários.

Ninguém podia abrir nenhum presente se não rezassem o terço para agradecer a todas as bênçãos recebidas durante o ano e depois cantávamos ‘Noite Feliz’ e assim tudo saía maravilhosamente lindo, correto e com muita fé se rezava e se cantava.

Após momento espiritual uma de minhas irmãs, a qual estaria conosco naquela noite, começava a chamar dizendo qual presente seria o meu e de meus irmãos. Comecei a perceber que meu pai e minha mãe nunca ganhavam e eu fui perguntar a eles o porquê e eles respondiam que depois de uma idade não se recebia mais presentes e que eles só podiam agradecer porque ganharam muitas bênçãos naquele ano.

Por um momento parei e fiquei pensando como é que minha mãe conseguia fazer 2 latas (de 5 litros) de bolachas de Natal todas pintadas artesanalmente, 6 formas de cuques,  3 sobremesas deliciosas, 2 assados, um arroz delicioso (tipo arroz à grega), maionese, pepino em conserva, estar em dia com a limpeza de todo aquele restaurante com mais de 15 cômodos e ainda estar com o restaurante em funcionamento até as 15 horas do dia 24… Minha mãe era uma heroína para nossa família, exemplo de determinação, trabalho, persistência, criatividade,vida e desprendimento pessoal.

Meu pai era só magia… Minha mãe dizia para ele experimentar a bolacha e ele carregava seu pratinho e com uma xícara de café apreciava uma por uma e sempre dizia que deveria comer mais algumas para dar sua opinião e assim fazia com o cuque de banana. Ele sempre fora o melhor parceiro, um companheiro para minha mãe. Minha mãe nunca estava só, com sua paciência ia com ela fazer compras, fazia companhia a ela pelas altas horas que ficava acordada fazendo os preparativos. Não que meu pai só ficasse olhando, mas ela sempre teve um horizonte mais amplo, uma total circunferência da vida e queria aproveitar tudo com muita intensidade. Naquele determinado ano meu pai tinha ficado muito doente (asma) e ficara muito debilitado. Minha mãe além de esposa era uma ‘espécie de mãe’ também para meu pai.

 

Então Natal é tudo isso e não só Papai Noel… É gratidão pelas bênçãos de Deus, é desprender-se em prol do próximo, é fazer tudo com muito amor e com acerto o que lhe foi designado a fazer ao próximo e assim minha mãe deixou esse legado aos filhos e muitos empregados daquela época, hoje nossos amigos dizem ter aprendido muito com minha mãe, com seus segredinhos para deixar a comida mais saborosa, com o modo de falar aos filhos, com firmeza, com direção e amor. Com seu jeito “pulso firme” de administrar um restaurante que não era somente alimentação do meio dia e a noite, era lanchonete, era sorveteria, era bolos – doces e fricotes, era um mini mercado para os feriados, era encontro de jovens, de casais de namorados, era lugar para namorar e noivar, para escutar uma boa música, apreciar uma salada de frutas com nata, um sorvete de ameixas, um bolo com recheio de laranja,uma vaca preta, uma vitamina, um bauru e muitas outras delícias que só se encontrava no restaurante Pinguim.

 

Autor
Meu nome é Lenita Maria Fuck, sou professora aposentada, formada em letras pela faculdade Funorte de Mafra SC. Cursei várias especialidades em Educação, Inclusão, ferramentas Lúdicas de Aprendizagem, Letramento, Alfabetização, literatura Infantil, entre outros cursos voltados a educação. Lecionei por 35 anos na escola de Ensino Fundamental Sagrado Coração De Jesus na cidade de Canoinhas, onde moro, estado de Santa Catarina, no Brasil.

 

As festas de Natal no Restaurante Pinguim
Avaliação: 5 estrelas
Total de votos: 3