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O Beco

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Seu nome era Martín Lemones e ele acabara de fugir de uma prisão espanhola e com documentos falsos tinha entrado nos Estados Unidos.
Ele entra na ‘boate’ Chicago com o seu coração cheio de ódio, e se dirige ao bar no intuito de achar sua primeira vítima. Martín era um homem bem charmoso no auge dos seus 58 anos, sempre com sua cigarrilha.
No bar, Martín chama a atenção da prostituta Daphne Rosen que estava tomando seu drinque, ele vê em sua frente uma possível vítima, sua tara por seios grandes, e lábios carnudos lhe davam um frisson incontrolável.
– Por favor amigo, me traga o mesmo drinque daquela linda mulher de olhos verdes e lábios carnudos.
As palavras de Martín já mostravam um homem galanteador, diferente dos homens rudes da ‘boate’, mas a intenção do estranho, homem era bem diferente do que parecia, os olhos da bela Daphne Rosen chamavam a atenção do cirurgião e aguçava sua maldade.
– Ora! Ora! Você nem sabe o que estou tomando! E se for veneno? (risos)
– Se for veneno! Então morrerei feliz por acompanhar uma bela dama até o inferno. (risos)
Os dois caem na gargalhada com o seu comentário, mas seu humor negro já começava a se fazer presente, ela jamais poderia imaginar as intenções daquele “simpático” homem.
Os dois então ficam conversando por alguns minutos até que Martín acerta o programa com a prostituta e os dois sobem para o andar superior. Martín tem o cuidado de pedir para Daphne subir na frente, ele disfarçou no intuito de não ser visto subindo com ela, ele já tinha tudo arquitetado em sua mente.

Essa é a cabeça de um maníaco, a frieza de conduzir toda narrativa do encontro, sem dar a entender nenhuma maldade, sem deixar pistas. O quarto era de número 20, Daphne Rosen era uma prostituta lindíssima, lindos cabelos negros, rosto branco e olhos verdes que davam o toque angelical a sua face.
Martín tinha seus encantos, mas já tinha sua pele envelhecida pelo tempo e o semblante do mal a lhe impermear, como contratado e contratante o estranho homem pagou antecipado o programa e disse:
– Adorei seus olhos! Que tal dar para mim?
– Mas já! Olha que cliente gentil, juro que não vai se arrepender! Ahhh, a respeito dos olhos só se arrancá-los de meu rosto ( risos )
– Tenha certeza que não farei isso! ( risos )
Se Daphne Rosen soubesse o que estava prestes a acontecer, jamais falaria aquelas palavras, e depois de duas horas Martín desce do quarto 20 na surdina, sem que ninguém o notasse! O estranho homem de óculos azuis saiu da ‘boate’ sem levantar nenhuma suspeita.
No dia seguinte a manchete do jornal de Chicago era:
“Mulher é encontrada morta com crueldade na boate Chicago ”
A bela prostituta Daphne Rosen teve sua cabeça decapitada e seus lindos olhos verdes removidos cirurgicamente.
Era a primeira vítima do cirurgião agora apelidado de açougueiro.
Era só o começo… Diante do assassinato bárbaro com repercussão nacional, a ‘boate’ Chicago teve que fechar suas portas.
Mas era um caso cuja polícia não só de Chicago como toda a polícia americana não dormiria em paz enquanto não colocasse o malfeitor atrás das grades.
Passaram-se se exatos cinco dias e mais uma vez Martín sai às ruas a procura de mais uma vítima, ele viu em reportagem na televisão que o segurança Pérez falava sobre um homem de terno azul e de óculos também azuis
E que possivelmente esse homem seria o assassino, então Martín viu que não poderia mais usar os óculos que tanto gostava.
Andando pelas ruas ele vê que todo o bairro estava cercado de policiais devido à importância de seu assassinato, o agora apelidado açougueiro era um monstro conhecido em todo país, e ele como um verdadeiro louco se excitava com aquilo.
Ele para em um bar, numa esquina muito movimentada e dando mais adrenalina a sua noite, se sentou perto de dois policiais e pediu um drinque! Ele nota que os policiais conversavam justamente sobre o assassinato e de um modo irônico, mas disfarçado Martín sorria, ele só pensava que agora era um assassino conhecido e isso o deixava feliz.
A desconstrução de sua mente era algo assustador, com um cacoete de morder os lábios que deixava sua feição ainda mais terrível.
Enquanto o açougueiro tomava seu rumo percebeu que do outro lado da rua em uma grande coincidência, estava passando justamente Pérez o segurança da ‘boate’ que deu a reportagem ao jornal, o homem que poderia lhe incriminar.
Martín então pagou sua conta rapidamente e sorrateiramente foi atrás do segurança, ele queria matar o homem que agora era seu inimigo. De longe o maníaco fazia sua perseguição, Martín não podia controlar essa sua vontade de matar, depois da morte de sua mulher ele tinha se transformado em um monstro.
Martín observa cada passo do segurança, vê que ele entra em uma conveniência e compra uma garrafa de tequila e logo ao sair compra também um pequeno pacote com um estranho homem que estava na esquina do posto de gasolina, possivelmente heroína.
Depois que o segurança comprou a substância com o tal homem passou a olhar desconfiado para trás, ele sabia que o bairro estava repleto de policiais e poderia ser pego com algo ilícito.
Ele andava rápido, queria arrumar um lugar escuro para usar sua heroína, mas procurou o pior lugar para usar sua droga. Um beco escuro e sem saída, para o segurança Pérez um lugar ideal para ficar tranquilamente, mas também um lugar perfeito para o açougueiro fazer sua próxima vítima. Pérez certifica-se que não estava sendo seguido, Martín se esconde.

Atrás de uma árvore e ao notar que o homem já estaria vulnerável no escuro beco. Se aproximou com aquele olhar de maníaco, viu que Pérez seria sua vítima mais fácil a ser abatida, mas o destino traçava algo.
Pérez vê Martín a se aproximar e mesmo sem os óculos azuis o reconheceu.
– Sei quem você é! Jamais esqueceria esse rosto, é o homem da ‘boate’, você matou aquela mulher, assassino! Assassino!
O segurança já estava visivelmente embriagado não notando o perigo que estava correndo, mas o açougueiro já enfurecido sacou sua pistola e apontou em direção do segurança que clamou por sua vida.
– Não! Por favor não me mate, o que eu fiz? Porquê está fazendo isso? Por favor eu lhe suplico, não posso morrer tenho uma filhinha, por favor não me mate”. Sara, minha filha, me perdoe! Me perdoe Sara!
Martín não pode acreditar nas palavras do segurança, o nome de sua filha era o mesmo nome de sua falecida mulher que ele tanto amava” sara
– Qual! Qual é o nome da sua filha? Repita
– Sara! É sara! Não me mate por favor, eu não quero morrer, amo minha filha, não me mate
– “O açougueiro” pediu a garrafa de rum e a heroína que estava com Pérez.
– Cuide de sua filha! E nunca mais faça uso dessas coisas! Faça de sua sara a pessoa mais feliz do mundo, agora vire de costas
O segurança amedrontado se vira de costas esperando o mal, mas depois de alguns segundos ele olhou e viu que Martín tinha partido e poupado sua vida.
Pérez ficou de joelhos e fez um juramento, de não mais usar aquelas drogas e que faria de sua sara a filha mais feliz do mundo
Já Martín tendo sua mente perversa, ficará sempre a dúvida, se no futuro sua sede por sangue irá lhe atormentar novamente.
Meu nome é João Damaceno, moro em Santos, no litoral de São Paulo e sou Mecânico Industrial e escritor.
* Imagens retiradas da internet.

O Beco
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