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O Amor Eterno

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Morando toda a vida na mesma cidade, na mesma casa (com os pais) e tendo um único emprego, Leandro estava tranquilo e vivia um dia após o outro na cidade grande de Porto Alegre. Aos seus 36 anos de idade já não ansiava por mudanças bruscas em sua vida e sempre que tomava decisões eram com o intuito de mínimas ou pequenas alterações. Sua mãe era professora aposentada, fazia parte de uma associação beneficente e passava os dias entre os afazeres do lar, os cuidados que a sua amada família lhe exigiam e os trabalhos em prol dos mais necessitados. Já seu pai, ferroviário, também aposentado, nunca deixou que a idade lhe pesasse nos ombros e até agora trabalhava, porém atualmente tinha um comércio de venda de especiarias.

– As especiarias são um presente para as pessoas, elas alegram, revitalizam e nos enchem de energia e saúde… costumava afirmar seu Antonio, pai de Leandro.

Leandro, um advogado tributarista bem-sucedido, passava seus dias entre seu escritório, seus exercícios para cuidar da saúde e do físico e sempre que podia fazia uma visita à loja de seu pai, não perdia a oportunidade. Sempre estacionava o carro no mesmo lugar, caminhava 3 quadras e ficava no máximo 40 minutos vendo como ia o negócio, conversando com os funcionários e, muitas vezes atendendo um ou outro cliente.

E numa dessas caminhadas até a loja de especiarias, foi que Leandro não pode deixar de reparar numa linda moça que caminhava à sua frente. Era loira, vestia um traje social (parecia estar se dirigindo ao trabalho), seu perfume cítrico podia ser sentido a metros de distancia. A moça fez exatamente o mesmo caminho que Leandro, porém quando chegaram à loja ela passou direto… Leandro entrou na loja, sentido-se diferente, mas ao chegar foi chamado por um dos funcionários que queria conversar, o que fez com que ele se esquecesse rapidamente aquela mulher estonteante.

Já quando Leandro decidiu ir embora, surpresa, a linda mulher acabara de passar, ele sabia pelo perfume que sentiu no ar. Correu para ver se era ela e justamente não pode deixar de perceber a sua presença… indo em direção ao estacionamento, ela também, ele se deliciou com o perfume e com a visão. Foi quando ela deixa cair seu celular… ele não pensa duas vezes e corre para recolhe-lo e entrega-lo… Ela agradece e começam a conversar sobre o ocorrido. Em poucos minutos ele, sem pensar nas consequências, a convida a tomar um café, que ela aceita. Após curta conversa ele já tinha seu número de celular e seu nome: Valentina.

Alguns dias depois ele liga convidando-a a um aniversário de um amigo. Na festa ela se mostrou muito simpática e, porque não dizer interessada, pensou Leandro. Num determinado momento, ele a beija e naquele momento o tempo parou… imediatamente ele se sente apaixonado. Ao deixá-la em casa, ela o convida para a festa de aniversário da vila onde havia nascido.

– Vou na quinta-feira, mas a festa é no sábado, se desejar vamos juntos.

– Não poderei ir nesta quinta-feira, pois tenho uma audiência em que não posso faltar. Mas posso ir no dia seguinte.

A cidade era Porto União, no estado de Santa Catarina, uma cidadezinha a 600 Km de distancia, mais precisamente numa vila chamada de Estação Engenheiro E. Mello, uma antiga estação ferroviária, que ainda tinha talvez umas 10 casinhas, algumas bem cuidadas, algumas nem tanto, mas todas mantinham a mesma arquitetura.

Ao chegar à localidade Leandro percebeu que não havia preparativo para festa alguma, se dirigiu à casa apontada por Valentina, quando teve a surpresa de ser informado que ali não existia ninguém com aquele nome e que na vila, também não.

– Mas, depois do túnel tem uma família que eu não conheço, talvez lá more essa tal de Valentina, mas não vai ter festa alguma aqui, inclusive há mais de 20 anos que não fazemos nenhuma festa. Informou o morador.

Tudo pareceu estranho para Leandro, mas ele se dirigiu até aquela casa depois do túnel, que lhe tomou, talvez, uns 20 minutos de caminhada pelos trilhos do trem. Ao passar pelo túnel, totalmente escuro e já desgastado pela ação do tempo, sentiu um vento frio batendo-lhe às costas, quando escutou um choro feminino, olhou para trás e não viu nada… continuou sua caminhada. Ao chegar à casa informada, também não existia nenhuma pessoa com aquele nome, ligou para o celular de Valentina que estava desligado, teve que voltar ao carro e dali decidiu voltar à Porto Alegre, ainda que chegara de madrugada. Mas antes, tentou fazer outras ligações à Valentina, sem ter sucesso.

Na estrada, já noite, escura e chuvosa, Leandro caiu nos pensamentos, não conseguindo entender o que havia ocorrido.

– Será que eu peguei o endereço errado? O que será que aconteceu? Onde ela estará? Foi quando ele vê, do lado direito da estrada uma mulher, vestida de noiva, porém totalmente de preto que lhe joga o buque de flores no para-brisa do carro. Leandro se arrepia, se assusta, desvia para a esquerda e quase se choca com um caminhão que vinha na direção contrária.

– Ufffa, essa foi por um triz. Pensou Leandro e continuou viagem.

No almoço do dia seguinte, seu pai lhe pergunta o porquê de seu regresso prematuro e Leandro conta-lhe toda a história. Ao escutar a história, seu pai se demonstra assustado interrompendo-o:

– Se você tivesse me contado antes eu não teria te deixado ir até lá, pois eu morei um tempo na estação Engenheiro Mello, é em Porto União, né?

Leandro consentiu afirmativamente com a cabeça.

O Amor Eterno

– Lá conheci uma linda moça chamada Valentina. Continuou seu pai, nos apaixonamos muito rapidamente, ela era linda, loira usava um perfume delicioso e era totalmente apaixonada por mim. O fato é que noivamos e três meses antes de nos casarmos fui transferido e o pai dela não deixou ela ir junto comigo, pois ainda não éramos casados. Ela, desesperada, após minha partida se jogou embaixo de um trem que estava passando e se matou deixando um bilhete em seu criado mudo amaldiçoando-me por não haver me casado com ela. Eu acho que ela quis se vingar de mim, através de você!

 

Autor
Meu nome é Alvaro Concha, tenho 4 filhos, moro em Porto União, no estado de Santa Catarina, no sul do Brasil.

 

O Amor Eterno
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