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Deus existe nas empresas?

Tarefa difícil sobreviver no ambiente empresarial moderno, não que no passado a tarefa tenha sido menos árdua, porém hoje com toda a gama de informações, de meios de comunicação inundando os oceanos do cotidiano humano é impossível seguir errando sem saber que se está errando. “Você matou Deus”, foi a acusação que Charles Darwin recebeu quando estava prestes a publicar a sua teoria da evolução das espécies. E assim como Darwin muitos empresários e seus funcionários parecem haver matado Deus, dentro de suas empresas.

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E, infelizmente o que se vê mais de um século depois, em muitas empresas é que os seres humanos são tratados como seres mais descartáveis que as máquinas, contradizendo o que a própria ciência nos mostra de que ser humano motivado produz qualidade, reduz a rotatividade, o absenteísmo trazendo mais lucro e, ao contrário, pode trazer prejuízos através de baixa qualidade, sabotagens, entre outras. É necessário que se trate bem o ser humano das empresas por motivos religiosos, também, mas se não for por motivos filosóficos, que seja pela mesma ciência. Choca verificar como desonestidade, arrogância, crueldade, desfaçatez, egoísmo e inabilidade em gerir equipes mais parecem uma obrigação empresarial do que um mal a ser combatido. A impressão que se tem é que todos acreditam em Deus, mas que Ele não entra nas empresas e que práticas de desonestidade, arrogância e irracionalidade são perfeitamente aceitas, porém somente dentro das empresas, nos negócios. E minha história é sobre um desses fatos.

Estava apresentando uma proposta de planejamento de vendas para o ano seguinte e como os números estavam muito bons e os gráficos demonstravam uma forte tendência de crescimento eu estava apresentando muito tranquilamente as projeções. Eu sentia vontade de sair da empresa, pois eu já havia detectado que a empresa mentia na fórmula da composição de sua matéria prima, já havia percebido que ali se administrava pela exceção e que o ambiente era propicio à mentira e à irracionalidade, porém ainda não havia contado a ninguém, mas estou certo de que meu semblante já me acusava. No entanto, eu continuava trabalhando firme ainda que tenha percebido tudo o acima descrito e sabendo da forte intenção do gerente de produção, que tinha ao menos 10 anos a menos de estudo, 12 anos a menos de idade e 13 anos a menos de experiência profissional que eu de assumir meu cargo e se possível gerenciar toda a empresa, “passeando-me a perna”, obviamente.

Afirmei que as vendas deveriam ter um crescimento de pelo menos 50%, quando passaríamos de R$ 4 milhões para R$ 6 milhões de faturamento, quando de repente fui interrompido pelo gerente de produção.

– Se esse número se confirmar, você quer dizer que o crescimento será de 33%, não de 50%, como você afirma.

– Como assim? Perguntei.

– É óbvio pois um crescimento de 4 para 6 é um crescimento da ordem de 33%.Obviamente que ele não reflexionou com essas palavras pois ele não tinha um vocabulário tão complexo.

Para mim ficou claro que ele queria corrigir minha matemática, mas tive que parar para entender o que ele queria me dizer, ainda acreditando em sua boa-fé.

– Claro, porque 2 é 33% de 6 e se você cresce 2, então 33% será o crescimento. Disse ele e olhou para o diretor, que era um engenheiro…

Naquele momento tive a certeza de que ambos, apesar dos números extremamente positivos, estavam combinados.

– Se aqui na empresa, há uma matemática própria, uma matemática só da empresa, eu não sei, mas afirmo que o crescimento das vendas da empresa serão de 50% e que ano que vem faturaremos R$ 6 milhões, porém esses cálculos foram realizados na matemática universal, a única que meu intelecto me permite compreender.

A partir daquele momento ficaram claras as intenções de ambos, mas duas questões ainda não consegui entender, como algumas almas não conseguem ao menos disfarçar seus desejos mais íntimos a ponto de usar da irracionalidade para agredir a outra pessoa e, além disso, como a alma humana não se importa com que a verdade impere em seu ambiente diário, permitindo que a luz exclua os resquícios de inverno da alma.

Se realmente desejamos conhecer Deus, devemos procura-lo todos os dias, em todos os ambientes, em todos nossos gestos, em todas as pessoas…

Alvaro Concha – Porto União/SC – Brasil

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