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A guerra da Serpente de Aço

Vem de longe, grande e pesada, exalando fumaça e fazendo barulho, no começo trazendo progresso e esperança, por fim o que era para transformar um lugar ainda pouco civilizado em futuro, acabou carregando e levando sim o futuro dos que pouco futuro tinham.

Serpente de aço, um projeto megalomaníaco de um homem que tinha a visão a frente de seu tempo, e não enxergava as pessoas abaixo de suas vistas. Quem um dia, hoje, ou no futuro acreditaria que a terra de fogo poderia ser ligada à terra do “tio Sam”, cruzando nossas terras Tupiniquins? Esse era o projeto, talvez um dos maiores do mundo moderno. Se concluído a realidade de diversas regiões atualmente seria outra. O fato é que no caminho da serpente de aço havia uma terra que servia de morada a sertanejos e caboclos, ainda marcados por revoluções anteriores, as quais nunca cicatrizadas.

Enfim, a serpente chegou a aquela terra, e no começo ela era novidade, e representava a evolução. Acreditavam que por onde ela passava gerava-se riqueza, modernidade e trazia com ela a sorte. Junto dela veio a devoradora de florestas, grande e imponente trazendo sim modernidade a uma pequena região, com hospital moderno, casas ao melhor estilo americano, curiosamente a única fábrica de gelo da região até então, e um belo cinema.

A devoradora de florestas logo mostrou a sua outra face, arrancando da terra a beleza do lugar, como arrancar um dente de um belo sorriso, porém nessas terras a quantidade de dentes arrancados passou dos milhões. A região começou a ficar assustada quando de repente, de suas casas os moradores eram tocados, pois o caminho da serpente precisava de espaço, de ambos os lados para sua “passagem”. Então toda aquela emoção de um futuro melhor se tornou desilusão.

 

A batalha começa, de um lado o povo que luta por suas terras, do outro os donos da serpente que tem apoio das autoridades federais. Em vários pequenos locais homens e mulheres, com dedos em riste, tomam suas armas: facões, foices e o que pudessem lutar pra defender o que é seu, conhecidos como exército encantado. Movidos pela crença de um monge que não é do Himalaia, nem careca, era gente como eles, mas com uma tremenda crença e espírito de liderança, que no futuro deixou uma menina Santa como sua sucessora de profecias.

No outro lado soldados que nem sabem o porquê estão ali, brigam para honrar seus nomes e defendem sua pátria da própria pátria, conhecidos como “peludos”. Um dado histórico, nessa guerra é usado pela primeira vez o besouro que leva gente.

Um terceiro peão aparece nesta batalha, para contestar terras almejadas, querendo dividir o que já estava dividido. Mas sem grande sucesso recuar ao seu casulo.

Nesse vai e vem, não dá serpente, mas das batalhas, muitas pessoas morreram e ali terminaram suas vidas, talvez esquecidas em valas até nos tempos de hoje. Anos de batalha se passaram e o conflito é encerrado e o caminho da serpente nessa região é concluído.

A paisagem física é alterada, pois para a passagem da serpente a devoradora de florestas comeu muito. A forma cultural sofre mais ainda, afetando e continuamente por mais de um século o futuro daquele lugar pouco lembrado.

A serpente continua a existir, mas hoje não visita a região com tanta frequência, se é que hoje faz alguma visita. Tanto sangue derramado para que a serpente como prometida não desenvolvesse a região. Talvez a sua imagem não seja bem quista nos tempos atuais.

A devoradora de florestas que na época continuou a existir após a batalha, em seu antigo covil restou traços de sua passagem, desenvolvendo uma micro região, partiu rumo ao incerto, quem sabe foi hibernar para em um futuro voltar.

Conhecido como um contente estado, Santa Catarina registrou um dos maiores conflitos do Brasil no início do século passado, durante cerca 4 anos de  batalha conhecida como Guerra do Contestado.

 

Autor
Meu nome é Willian J Roscamp, sou consultor de marketing digital.

 

A guerra da Serpente de Aço
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