No início, por volta de 1921- durante o planejamento, na dinâmica dos rabiscos, procurou-se entender com exclusividade qual seria a finalidade e que desfrutaria de tal aconchego. Além disso,a quem agregar-se-ia, em cada traço os elementos certos para atender a essência humana, edificando junto aos materiais – sentimentos e sonhos de vida – realizados pelas Irmãs Franciscanas e comunidade local.

Assentaram-se tijolos, vigas foram erguidas, e tudo se fez com pá, cimento, suor e esforço- ingredientes necessários, mas não sendo mais importante do que a fé e o trabalho do homem que olhando para as suas mãos calejadas torcia para um mundo novo nascer. Naquele instante teve-se a impressão de que não havia no mundo coisa que fosse mais bela, que de parede em parede o sonho viraria realidade resplandecendo ali um majestoso lar que abrigaria uma grande família. Uma família que aumentaria com o passar dos tempos, um lugar de passagem para as futuras gerações, de despertares, de oferta de afeto, lazer e ensino, de conhecimentos, brincadeiras, cuidados com a saúde e práticas de formação artística, cultural e esportiva, enfim uma escola que objetivaria sempre a formação integral.

Paredes foram pintadas com a cor da terra e da madeira, , cor esta que acalma e conforta,e por isso está também associada à natureza, como foi paradigmaticamente vivido por São Francisco em sua veste. Uma cor exuberante que em algumas filosofias significa segurança, prosperidade e na cultura ocidental, o marrom representa a seriedade, maturidade, estabilidade e responsabilidade.

Como poderia do entrelaçamento de materiais brutos nascer um lugar tão aconchegante e caloroso? Um lugar cuja magnitude em sua missão foi imensurável e que visa o reconhecimento da vida, da excelência na formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, seres atuantes junto à comunidade. Mostrou-se então que essa concretude só obteve valor pelo envolvimento do material humano com sua ascensão intelectual, emocional e espiritual vindos em sonhos e realizações pelas Irmãs Franciscanas, da sociedade da época e de muita gente qualificada que administrou, supervisionou, orientou desde aquela época e o faz nos dias atuais.

A vacilante glória da hora de entrar em sala é esperada, pegar o caderno tão caprichado e participar. É durante a vida escolar que as lembranças irão tomar formas por momentos surpreendentes de uma época dourada; época de se fazer amigos, ter por perto gente que se conhece, se estima, se conecta; ambiente de camaradagem, que passa unidos por dificuldades e se ajuda entre si, é de responsabilidade de todos – cada um com seu jeito, personalidade e habilidades podem contribuir para edificá-la e harmonizá-la. É porto seguro para o repasse do conhecimento, é incentivo para a vida, para mudar o mundo em direção ao bem, é dignidade a quem não tem identidade. Agora poderia o mar atravessar, o Universo para descobrir, as pirâmides para medir. Tudo existia até a trigonometria, construíram-se triângulos, mediram-se ângulos”, fizeram-se cálculos e poderia-se-ia ir a qualquer lugar… Tudo isso nos livros, isso tudo dentro do tudo. E nunca sonhou que por possuir conhecimentos teria prosperidade pelo trabalho, teria mais qualidade em sua vida e seria alguém que poderia opinar e participar na sociedade.

E ali, naquela sala, lá em outra sala, em outro corredor, no recreio, no antes e no depois – pessoas de todos os tipos; aprender a ser amigo sem ser preciso pesar o que se pensa, nem medir o que se diz, pois a amizade desenvolve a felicidade, reduz o sofrimento, duplica a alegria e divide a dor.

E nesse lugar fazendo a compreensão que desde a sua construção – cresceu o operário, o projetista, a Irmã, o administrador, a criança, a professora e a comunidade. Cresceram em alto e profundo, em largo e no coração adquirindo-se nova dimensão, cresceram em maturidade, em nova visão como Francisco que exorta a anunciar o bem e a paz e a testemunhá-la com doçura para a verdadeira concórdia, porque quem possui a cultura possui o bem, possui a paz e assim num lugar alicerçado pelo aprendizado do conhecimento, da formação como pessoa humana, no desenvolvimento do senso crítico. Pessoas e mais pessoas são instruídas e passe o tempo que passar lembranças são lançadas e recordadas com afeto, carinho e muitas saudades há desta grande família que compõe a Escola Sagrado Coração de Jesus, em Canoinhas, no interior de Santa Catarina.