Num final de semana qualquer organizamos, os 3 amigos, um acampamento que se realizou numa reserva ecológica, no interior da Mata Atlântica. Era um lugar muito bonito, a mais ou menos 25 quilômetros de distância da cidade mais próxima, no meio de um vale de montanhas que tinham lá seus 250 metros de altura, cada uma delas. Era um local realmente enigmático e bonito, principalmente porque era um vale silencioso no final de uma estrada que terminava com duas montanhas verdes, e no centro (onde elas se encontravam) um pequeno riacho corria com água pura, calma e cristalina. Nosso acampamento foi montado a uns 300 metros do encontro das duas montanhas, mas o riacho passava atrás de nosso acampamento, a uns 10 metros de distância, assim podíamos escutar claramente o barulho de suas águas correndo. Antes de se chegar no encontro das duas montanhas havia um pontilhão de uns 3 metros de comprimento por uns dois de largura, feita com madeira, um local bastante bucólico e que transmitia uma sensação de paz a todos que ali passavam.
O local onde acampamos era um gramado delicioso, com árvores fechando-lhe um círculo lá de seus 10 metros de diâmetro. Como era de costume em nossos acampamentos, armamos as barracas, comemos alguma coisa e nos sentamos para conversar e desfrutar da noite bastante cálida, como era normal na época de primavera. Após, contamos algumas piadas, pusemos a conversa em dia e decidimos dar uma caminhada. Todos de chinelo no pé, calção e camiseta e a sensação de tranquilidade na alma.
Fomos caminhando ao vilarejo que tinha, na época umas 15 casinhas e somente uma rua, a mesma que levava ao lugar onde estávamos acampados. A caminhada até o vilarejo demorou pelo menos uns 20 minutos bastante agradáveis, porque a ruela era iluminada e o silencio só era interrompido por algum latido de cachorro ao sentir nossa presença. Ainda que a noite estivesse clara as montanhas ao redor não se viam, podendo-se perceber somente a festa provocada pelo piscar dos vagalumes, ao mas como não havia nada, nenhum movimento, resolvemos voltar.
Ao chegarmos ao acampamento, decidimos ir até a pontilhão, porém para chegar ali a caminhada foi um pouco mais penosa, pois já não haviam mais as luzes da via pública, sobrando-nos somente a luz da lua, que se escasseava por causa das grandes arvores que cercavam a rua e formavam uma espécie de “ecoteto” sobre nossas cabeças.
Ao chegarmos ao local, nos sentamos na ponte, ficando de frente ao encontro das duas montanhas que formavam um “V”, e começamos a contemplar a noite, as estrelas, o riacho que passava sob a ponte e seguimos conversando informalmente como deveria ser entre amigos.
Foi quando vimos no topo de uma das montanhas uma luz, muito grande, de uns 5, talvez 6 metros de diâmetro, iluminando uma área que raramente uma luz artificial conseguiria fazê-lo. De repente a luz se apagou e acendeu a uns 50 metros de distância de seu ponto inicial, mas ainda muito distante de nós. Ficamos atônitos, sem palavras. Foi quando a luz se apagou de novo e chegou, quase que instantaneamente, a uns 10 metros de onde estávamos, iluminando o chão e a ponte de um poste de madeira baixinho de cerca. Meu amigo Patrício, sentado ao meu lado começou a rezar com medo, eu e Alexandre continuávamos sem palavras. A luz continuou se aproximando e ao chegar a uns 5 metros de onde estávamos parou, ficou ali parada por uns 10 segundo, e se deslocou na montanha à nossa direita, subindo-a totalmente e desaparecendo no céu…
O que essa era essa luz, não sei e nunca soubemos. Nunca mais a vi, apesar de termos voltado lá várias vezes na esperança de vê-la novamente. Sei que era uma luz e que não era algo humano, só isso.
Alvaro Concha – Porto União/SC – Brasil