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Um riso para os desligados

Todo mês, depois do meu período de TPM, baixa em mim o Espírito do Riso. Mas não é um riso qualquer. é um riso de lembranças que, quase sempre, não consigo segurar no silêncio do pensamento e libero em gargalhadas.

Hoje, aproveitando o vazio silencioso de casa, resolvi dar uma pesquisada para tentar entender isto e é evidente que nada do que encontrei na internet me convenceu. Não consigo parar de rir com as lembranças que tô tendo hoje e nem sei porque deveria entender isto. Deveria é começar a compartilhar logo com vocês.

Teve uma vez, aqui na cozinha de casa, que eu e minha mãe presenciamos uma conversa absolutamente inacreditável entre o Gandhi e o meu pai- dois ícones, duas estrelas do desligamento auto-estima super pop!!

O Gandhi foi chamado pra uma entrevista de emprego. Nem queria ir porque ele adorava o emprego e o trabalho dele, onde estava na época. Mas a proposta era tão boa que resolveu ir pra se certificar de que o santo tinha um pau oco. Precisou usar uma folga, à qual tinha direito, para ir até o Rio. Só que no dia anterior à viagem descobriu que o gerente dele também iria para o Rio pela manhã e, estando em Vitória, o risco de encontrarem-se no vôo era altíssimo.

Como o Gandhi não sabe mentir quando perguntamos uma coisa direta pra ele, eu e minha mãe criamos uma trama e o treinamos com a seguinte história, caso encontrasse o tal gerente: “Estou indo para o Rio de Janeiro resolver uns papéis de herança de família”.

Ficamos eu e minha mãe perguntando pra ele, de tempos em tempos, o que ele estava indo fazer no Rio. E ele sempre respondia “fazer uma entrevista”. Até que lá pela décima vez, depois de tanto tomar pito, ele respondeu certo.

O meu pai, vendo aquilo tudo, sem entender o que acontecia- MESMO DEPOIS DE PARTICIPAR DE TODA A TRAMA DESDE O INÍCIO- esperou o Gandhi entrar no banho e veio perguntar para nós duas porque estávamos brigando tanto com o coitado do Gandhi (coitado é um adjetivo que as pessoas que não convivem com desligados costumam usar para caracterizá-los). Nós duas, calmamente, explicamos TUDO DE NOVO pro meu pai. Entendendo tudo ele riu e garantiu que iria participar ativamente do treinamento da mentira.

um riso para os desavisados

Assim que o Gandhi saiu do banho meu pai veio até ele e perguntou: Ô Gandhi, o que você vai fazer no Rio de Janeiro amanhã mesmo? Ao que o Gandhi respondeu prontamente:

– Fazer uma entrevista de trabalho, seu Pedro.

Eu e minha mãe assistindo tudo de camarote, querendo MATAR o Gandhi, aí meu pai saiu da cozinha e o Gandhi veio até nós duas e disse: Por que vocês duas contaram pra ele que eu vou fazer entrevista no Rio??. Nós duas, putas da vida, saímos da cozinha e fomos pra sala assistir TV. Aí meu pai chegou bem pertinho de nós duas e disse baixinho:

– Ô lôco, vocês duas!!! Ficam aí nessa falação!! O Gandhi não tá indo pro Rio mexer com herança, ele está indo trabalhar!!!

Autor
Laura Quarentei –  Vitoria/ES – Brasil
Sou uma Geógrafa que adora observar o mundo à minha volta, principalmente as pessoas. É isto o que me inspira a guardar historias na minha memória e depois contá-las no papel ou numa conversa entre amigos.

 

 

Um riso para os desligados
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