Antes da vinda de meu avô e sua família para Rio de Janeiro, em suas andanças pelo interior de Castelo, cidade da serra Capixaba, em uma encomenda feita por um coronel da região,seguia a tarde, já por volta das 16 horas e chegando na entrada da fazenda avistou a porteira já aberta. Estranhamente estas porteiras dificilmente ficam abertas para evitar a fuga de algum animal do terreiro. Já estando bem pertinho à porteira fechou-a bruscamente, parou, olhou em volta e percebeu que não havia ninguém que pudesse fazer tal feito.
De súbito escutou uma gargalhada de criança e no alto do mourão que sustentava a porteira lá estava a figura de um menino negrinho sem uma perna com seu capuz vermelho. Claro que meu avo reconheceu o Saci imediatamente, essa criatura que vive aprontando travessuras pela floresta e pastos do interior, figura forte no folclore brasileiro. Seu Osório foi criado escutando lendas deste tipo, mas sempre foi um caboclo corajoso e olhando para o Saci segurando seu cavalo branco com firmeza.
– SACISAPERE! Vai embora que eu não tenho medo de você! Bradou seu Osório, sem hesitar.
Ao dizer isso no lugar em que estava o Saci começou a soprar um vento forte que logo se tornou um pequeno redemoinho e no lugar do Saci não ficou nada.
Se você não sabe é assim que o Saci se desloca de um lugar pra outro, tramando outra travessura.Tem gente que acredita tem gente que não, se você não quiser confusão não brinca com o Saci não.
Meu nome é Juarez Paiva de Campos, nasci no Estado do Rio de Janeiro em 1957, no bairro da Penha e fui morar em Vista Alegre próximo a Irajá, Vila da Penha e Cordovil. Nesse pequeno mundo cresci e tive a oportunidade de conviver com a pessoa maravilhosa que era meu avô, e dele herdei e aprendi a ter paciência e determinação para a vida. Como meu avo sou muito calmo e atualmente moro no interior do Rio de Janeiro, numa localidade cercada de verde e cachoeiras ainda preservadas. Moro aqui há 35 anos e destes 34 como casado, tenho uma filha que formada em designer gráfico, trabalha como ilustradora de livros infantis. Sou apaixonado pela história de meu avo e sua saga de sair de Cachoeiro do Itapemirim e vir para o Rio de janeiro. As histórias contadas acima foram ouvidas e guardadas com todo carinho no meu coração e coloca-las no papel significam uma pequena homenagem ao meu querido velhinho.