Nunca me esqueci o nome do lugar, por parecer forte e, porque não, macabro. A história se passa num lugar esquecido, de muitas florestas de pinus, poucos habitantes, vastidão e um silencio assustador num gélido inverno no ano de 2010.
Uma turma de 4 rapazes, todos eles beirando os 19 anos se dirigiram ao lugar para um acampamento de final de semana, que prometia ser bastante tranquilo. Os meninos foram levados pelo pai de Pedro, o mais velho e mais ajuizado de todos, com o compromisso de que no domingo no final da tarde, as 17:00 todos estivessem esperando no mesmo local em que foram deixados.
Eric o mais travesso foi o primeiro a descer e pegar sua mochila, seu cantil, um galão de 10 litros de água e sua cadeira desmontável, todos o seguiram, afinal de contas ele já havia estado no local que desejavam acampar naquelas duas noites. Caminharam aproximadamente por 30 minutos floresta silenciosa a dentro e quando chegaram visualizaram um pequeno lago, numa clareira no meio da floresta onde foram recebidos pelo crocitar ameaçador de um corvo, que logo desapareceu. Sem dar muita importância ao fato Pedro e Eric puseram-se a armar a barraca em que ambos iam dormir.
Enquanto Paulo terminava de armar sua barraca com Marco, Pedro recolhia lenha e Eric fazia o fogo quando percebeu que um velhinho se aproximava por seu lado esquerdo e veio diretamente conversar com ele.
– Boa tarde, vocês não são daqui, não é?
– Não, senhor, não somos. Porque?
– Porque este lugar é maldito, ninguém nunca acampa aqui. Conta-se que quem aqui passa a noite, normalmente não acorda mais…
Eric riu imediatamente e ao ouvir sua risada, Pedro, Paulo e Marco se aproximaram para saber o que se passava.
– Há muito tempo atrás, meu filho, durante uma guerra, houve um ataque a este lugar e foram lançados muitos paraquedistas encima desta localidade. Conta-se que um dos paraquedistas ficou preso no meio de uma destas árvores e não conseguiu sair. Não se sabe ao certo, mas acredita-se que ele passou 10 dias preso antes de morrer. Contam que esse paraquedista era engenheiro e dai o nome do lugar e que após sua morte ele se transformou num corvo e que sempre que alguém vem à floresta e escuta o corvo, na mesma noite uma tragédia lhe ocorre. O velho coça a longa barba e continua, olhando para todos – por isso meus filhos, não recomendo que passem a noite aqui.
Todos riram desprezando o velhinho que não viu outra alternativa a não ser ir embora. Como Eric já havia feito o fogo todos se sentaram a beira da fogueira e seguiram suas conversas, a não ser Pedro que insistia em procurar algum vestígio da história recém contada, na internet de seu celular, que insistia em não ter área.
– Não devíamos haver zombado desse senhor como fizemos, ele queria nos ajudar – afirmou Pedro com indignação.
– Que nada, era um velho gagá! E logo mudaram de assunto e em pouco tempo foram dormir.Todos já haviam adormecido, quando ouviram os gritos humanos histéricos e viram movimentos de golpes de mãos na tela de suas barracas. O momento foi assustador e Eric olha para Pedro sentindo uma mistura de medo e surpresa pelo repentino e inesperado silêncio, ambos, sem entender o que havia ocorrido, saem da barraca, quando percebem, através do faixo de luz de suas lanternas que a barraca de Paulo e de Marco estava vazia. Uma mistura de pânico e ansiedade lhes invade a alma. Gritaram o mais alto que puderam, mas como estava muito escuro e nada podiam ver, decidiram esperar até que o sol nascesse. Enquanto esperavam, Pedro decide deixar toda a história relatada, desde o inicio até aquele momento, em seu celular, inclusive com um vídeo mostrando a barraca de Paulo e Marco, vazia. Obviamente que com a luz fraca das lanternas pouco podia ser visualizado, mas a voz de ambos estava muito clara, mostrando que Eric estava muito assustado e que Pedro, apesar de sua aparente serenidade dava sinais de desespero. Eric reforça, então, num momento de atitude interior que encontrará os amigos, caso eles não retornem até o amanhecer.
Quando os primeiros raios de sol aparecem, ambos saem buscar por Paulo e Marco.
O celular foi encontrado 4 dias depois, os rapazes nunca mais.
Alvaro Concha – Porto União/SC – Brasil