Antônio já estudava há tempos naquela escola, Sempre teve uma inclinação às ciências exatas e por isso vivia ajudando seus colegas que precisavam de notas, naquelas matérias “mais difíceis”. Era bom aluno, comportado e querido pelos professores e colegas de turma. Aos domingos era obrigatória sua presença na missa das 19:00, era muito religioso, assim como sua família.
Aos 15 anos seguidamente saia com seus amigos a fazer cavalgadas, pedaladas e caminhadas pelo interior da cidade, que estava localizada numa região muito bonita de muita natureza, muitas matas e por seu relevo acidentado, muitas cachoeiras.
Num determinado dia, foram com mais uns 10 amigos a uma cachoeira no Alto da Brancal, que distava uns 25 quilômetros da cidade, tomaram um ônibus, alguns foram de bicicleta e lá se encontraram. Estavam nadando e se refrescando na cachoeira que deveria ter uns 35 metros de altura, quando, Fábio e Paulo decidem escalar uma das encostas da cachoeira, num gesto de companheirismo, todos subiram juntos. Após uns 5 minutos de escalada, Fábio, que tinha cabelos compridos, desce em disparada batendo nos cabelos, e tentando se safar de alguma coisa que lhe estava apavorando, todos os outros seguem seus passos e se jogam na água. Foi quando Antônio percebe que estavam sendo picados por abelhas e deveria esperar mais alguns poucos minutos embaixo da água para que elas se fossem embora.
Assim era a vida de Antônio, cheia de aventuras e amizades, e foi justamente nesse momento que chegou o que seria o grande amor de sua vida, a menina que mudaria tudo.
Eduarda tinha recém-chegado na cidade, vindo da capital, tinha estatura média, longos cabelos loiros, olhos castanhos e um sotaque que encantava a todos, mas Antônio se sentiu perplexo com a beleza e os encantos da menina que parecia lhe corresponder.
Imediatamente simpatizaram e fizeram amizade, e aos poucos dias ela o convidou a passar uma tarde em sua casa. Conversaram muito, riram, contaram histórias de suas curtas vidas, caminharam pelos arredores do bairro, e passaram por várias flores, quando ela lhe confidenciou que a sua preferida era a gérbera, uma flor que podia ser de várias cores, muito perfumada e que nascia naturalmente na região. Já ao final do dia, no momento da despedida, Eduarda deu-lhe um beijo no rosto e lhe agradeceu pela companhia. Foi o suficiente para que o coração de Antônio disparasse. Foi para a casa, como se estivesse pisando em nuvens, sem ao menos se preocupar com o trânsito, com o sol que lhe aquecia a cabeça ou com a bicicleta que tinha freios precários.
Ao chegar em casa repousou a cabeça no travesseiro e ficou extasiado com a lembrança daquele beijo que mais parecia o toque da seda na pele, o roçar da brisa, um raio de sol matutino, era o toque do amor, pensou ele.
E assim se passaram 8 semanas, de conversas, passeios, olhares, troca de bilhetes e foi justamente quando ele decide contar todo seu amor para Eduarda. Reuniu toda a coragem do mundo e foi se declarar.
Após breve conversa, Antônio inicia o discurso, contando seus sentimentos e seus sonhos.
– Esta noite cheguei a sentir o perfume de teus cabelos em meu sonho! Já não suporto mais a sensação de não saber se sou correspondido.
– Infelizmente Antonio, eu gosto de você, mas como amiga, não para termos um relacionamento, sou muito nova para isso, preciso me focar nos estudos.
– E isso pode mudar? Pergunta Antonio.
– Não, Antônio, é definitivo. Mas, por favor, não quero perder a sua amizade.
Antônio decepcionado voltou para a casa e ao deitar-se, chorou. Em oração pediu que Deus mudasse essa situação que lhe permitisse viver eternamente ao lado de sua amada.
No dia seguinte ao voltar do enterro de Antônio, Eduarda percebe que na entrada de sua casa havia nascido uma linda gérbera laranjada, a cor que mais lhe fascinava.
Toda a cidade jura que aquela flor foram as orações ouvidas e foi a forma que Deus achou de deixar Antonio sempre próximo e admirado por sua amada.
Meu nome é Alvaro Concha, tenho 4 filhos, moro em Porto União, no estado de Santa Catarina, no sul do Brasil.