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Magia e amor nas dependências do Restaurante Pinguim

Nas dependências do restaurante Pinguim não havia somente atividades ligadas ao preparo das comidas que eram servidas em almoços, jantas, jantares e confraternizações.

Algumas dependências eram mágicas, que ultrapassavam a imaginação de sua utilidade, por exemplo, o reservado que ficava no primeiro andar, situado no centro do andar que tinha duas janelas viradas para a churrascaria, que, nesse caso, eram fechadas para isolar uma parte da outra.E esse reservado tinha 4 portas, uma que o ligava à parte da frente, mas sempre estava trancada porque almoço e lanches ‘não combinariam’ para ficarem na mesma área; uma porta que ligava o reservado à churrascaria, onde passavam garçons com espetos para servir às mesas servindo o delicioso ‘espeto corrido’; tinha uma porta que ligava o reservado à cozinha, pelo corredor das guloseimas e feitios de bolos e tinha uma porta que ligava o reservado à parte da frente do restaurante onde serviam-se bebidas, sorvetes, bolos e muitos acompanhamentos das refeições, nessa porta havia uma cortina grossa e escura também com o objetivo de ‘reservar’ o espaço para almoços, jantas, confraternizações, jantares do Rotary, Lions, e outros grupos da época – depois esses jantares passariam a acontecer no salão de cima para ficarem mais reservados. Um reservado bem estruturado, pois ligava todas as partes e os garçons podiam se locomover tranquilamente para ‘atender’ o cliente em seus pedidos.

Ao som de Lafayete, Os Mantanari, Ray Conniff e de muitas bandas e orquestras a comida era servida e quantos pedidos eu recebia para voltar o disco e tocar novamente. Se existia lugar com as seleções mais legais, este lugar era o Pinguim.

Eu só perdia “em fazer as seleções” para o Moacir e para o Adelmo (meus irmãos mais velhos) que me ensinaram tudo sobre as boas músicas da época.

Isso tudo acontecia nesse reservado até às 14h30min, mas depois disso até às 18 horas era o lugar de se deixar as crianças de colo daquela época, netas de Silvino e Verena dormirem em seus carrinhos, embalados a este som e ao som que suas mães cantavam, e eu, claro, também contribuía ao ‘embalar’ os carrinhos. Cantavam-se para elas: Maria Helena e Giovana; cantava-se também muito para acalmar, fazer dormir ao meu querido irmão Renatinho (nascido em 1970 e falecido em 1973).

Ele era e continua sendo meu anjo e era muito rápido na época, queria viver tudo de uma só vez, atravessava a rua para comprar ‘bico’, pulava no telhado de uma janela que ele dava um jeito de passar.Era hiperativo (mas não sabíamos na época), faleceu de hepatite fulminante, do coração ou de excesso de vida, nunca se soube.  Quando meu cunhado Arlindo o trouxe do Hospital, todas as pombinhas do viveiro cantaram e o relógio (Cuco) soou badaladas – acontecimentos difíceis de serem esquecidos; ele foi vestido de Francisco de Assis, porque ele gostava muito de animais e queria ser ‘padre’. Meus pais entraram numa depressão terrível, apesar de guardarem esse sentimento em prol a família e aos clientes, nunca mais foram os mesmos, pois sempre estava lhes faltando algo.

Ouvia-se nesses momentos no reservado com as crianças, a canção Mãezinha do Céu, Maria Helena és tu, Músicas italianas e I’d Love youtowant me (Lobo).

Esse reservado não tinha moscas, era sempre muito limpo e tinha uma boa energia para acalmar, fazer dormir e muitas vezes eu ia lá, ficava no cantinho vendo minha irmã Sueli e em outras vezes minha irmã Maria Elisa dançando valsas cada uma com suas pequenas.

E essas dependências são cúmplices de grandes amores que permanecem até hoje com suas cumplicidades e suas lealdade.

Nesse tempo em que o Pinguim ficou ativo se uniram em laços matrimoniais: Maria Elisa e Moacir, Eunice e José Carlos, Laurita e Eugênio, Sueli e Arlindo, Virgínia e Elias, Adelmo e Mara, além de Martinho e Arlete.

Lembro claramente que cada casal tinha mais de uma música, entre elas a da Maria Elisa e Moacir era Gigliola Cinquetti Dio Come Te Amo, da Laurita e Eugênio, Músicas inesquecíveis – 1972, da Sueli e do Arlindo: Ioche amor solo te, da Virgínia e do Elias: Torneró – I Santo California 1975, do Adelmo e da Mara: Pholhas e do Martinho e Arlete: B. J. Thomas – Rock AndRollLullaby.

Muitos clientes namoraram, noivaram no restaurante Pinguim ao som das músicas tocadas ali e muitos clientes foram a razão de se ter músicas românticas para a apreciação, pois o Restaurante Pinguim era lugar de encontros…

O Restaurante Pinguim se fez lembrança quando a mão esquentou,pois naquela época havia respeito e era assim que se começava um grande amor, primeiro pegando na mão e marcando as mesas com seus nomes… Espero que a música que eu coloquei na época, aquela tão pedida, tenha embalado os casais a se unirem por esse amor e sobre a proteção de Deus.

 

Autor
Meu nome é Lenita Maria Fuck, sou professora aposentada, formada em letras pela faculdade Funorte de Mafra SC. Cursei várias especialidades em Educação, Inclusão, ferramentas Lúdicas de Aprendizagem, Letramento, Alfabetização, literatura Infantil, entre outros cursos voltados a educação. Lecionei por 35 anos na escola de Ensino Fundamental Sagrado Coração De Jesus na cidade de Canoinhas, onde moro, estado de Santa Catarina, no Brasil.

 

Magia e amor nas dependências do Restaurante Pinguim
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