Provavelmente eu tinha uns 4 ou 5 anos e minha família composta por meu pai, mãe, irmã mais velha e eu morávamos na casa dos meus avôs maternos. Dormíamos em dois quartos numa construção atrás da casa, sendo que meu quarto e de minha irmã tinha um aquecedor e no inverno o aquecedor era ligado todas as noites para que o nosso quarto se mantivesse quentinho.
Numa madrugada qualquer acordei, minha irmã estava doente e meus pais a levaram para o quarto deles que era do lado do meu. Naquela época eu era muito medrosa e fiquei acordada e com muito medo por ter ficado sozinha no quarto. Acabei pegando no sono e quando acordei já estava amanhecendo e provavelmente meus pais e irmã ainda estavam dormindo porque não havia nenhum movimento na casa.
Quis mexer-me na cama e senti que alguém me tocava as costas, uma, duas, três vezes e mais… terror!!!
Fiquei aterrorizada tanto que suava frio e meu silêncio de pavor se eternizou de tal maneira que segundos para mim, pareciam horas.
– Meus Deus, que será que está me tocando? E foi quando me dei conta de que era o Cuco[1] ou alguma outra coisa horrorosa. Para uma criança de minha idade, o Cuco era o mais terrível que poderia ocorrer na vida de uma pessoa.
Depois de umas 5 horas, que devem ter durado não mais que 20 minutos, me propus a enfrentar o Cuco, encará-lo de frente e se fosse necessário empurrá-lo e depois sair correndo para os braços de meu pai, que certamente me defenderia e daria uma surra ao monstro malvado.
Foi quando me virei para encarar o Cuco que percebi que eu estava encima de meu braço e era mina mão o que estava tocando minhas costas. Que delicia ao ver que não era nenhum Cuco ou fantasma.
Erika AranedaHecker – Concepción – Chile
[1] O Cuco é um ser maligno, imaginado pelas crianças que se esconde atrás dos armários ou debaixo das camas, como um vulto negro e que faz parte da cultura folclórica chilena.