Era uma vez uma bela moça chamada Laura, a caçula de três irmãos, os pais trabalhadores rurais, sempre ensinaram aos filhos bons e severos costumes, exigiam sobretudo de Laura um comportamento exemplar, talvez porque ela fosse a única filha mulher da família. Com uma vida simples em meio ao sitio da família Laura cresceu,sonhando com contos de fadas, embora nem o ambiente nem a liberdade que dispunha lhe oportunizara grandes experiências. Laura sonhava ser médica, ajudar pessoas carentes, ser independente, viver longe dos trabalhos rurais que a ela só monotonia proporcionava e, sobretudo encontrar seu grande amor.
Ao término do colegial, o pai decidido, proibiu a jovem menina de continuar seus estudos, com a justificativa de que a menina teria no sitio tudo o que precisava, que a mesma não estava preparada para enfrentar o mundo longe de seus cuidados, e que tão pouco a família poderia lhe proporcionar suas despesas com os estudos. Revoltada a jovem vivia os dias, entre os afazeres domésticos e os rurais, planejando às escondidas seu futuro, todas as noites estudava em silêncio absoluto, virando as paginas dos livros sem fazer um ruído sequer, este se tornara um de seus grandes segredos, provavelmente o maior.
Após alguns meses, Laura se sentindo preparada, e com o apoio da mãe se inscreveu para um vestibular público, em segredo. Para sua grande surpresa foi aprovada, lágrimas, emoção, alegria e sofrimento lhe invadiram o coração, uma mistura de sentimentos e sensações lhe afloravam a pele. À noite, decidida a mãe de Laura resolveu enfrentar seu esposo e contar-lhe tudo, com a voz trêmula, faltavam-lhe as palavras, aos gritos ele respondeu desaprovando toda e qualquer possibilidade de tudo seguir adiante. Naquele instante o chão se abriu para Laura, ela só conseguia pensar em quanto o mundo lhe era injusto, que por seu pai ela morreria solteira e ignorante. O tempo passou, Laura obediente continuou sua vida no sítio, e por orientação da mãe a jovem continuou estudando nas horas livres.
Certo dia sua mãe lhe pediu que fizesse um bolo e levasse de boas vindas aos novos vizinhos. Chegando lá, foi recebida por um lindo e educado jovem. Pablo era alto, físico robusto, cabelos negros, olhos grandes e rasgados, portador de um sorriso encantador, naquele instante Laura sentiu dentro de si algo novo, a barriga gelou, suas mãos suaram e o coração acelerou, soube ali que algo dentro de si havia mudado. Conversaram, combinaram de passear no pomar, onde Laura lhe explicaria sobre as delicias que tinham ali. Com os dias,os encontros se tornaram cada vez mais freqüentes, e o amor entre se tornou se tornou a razão e a coisa mais forte que já sentiram na vida.
Numa manhã de domingo, depois da missa, se encontraram atrás da igreja onde Pablo com uma rosa na mão, tirada do jardim da igreja lhe pediu em casamento, se abraçaram, e naquele abraço sentiram a eternidade, e com lágrimas, aceitou emocionada. Pablo comunicou aos seus pais, que o acompanharam até o sitio, pediu aos pais a mão de Laura em casamento, seu pai ignorante passou a mão em uma espingarda que estava em cima de um armário de louças e aos gritos disse que permitia o casamento e que Pablo seria um homem morto se não cuidasse bem de sua filha.
Casaram-se, foram morar na cidade, Pablo se revelou um maravilhoso esposo, dedicado, companheiro. Laura entendeu que às vezes o que nos parece o fim é o inicio da nossa verdadeira felicidade e que o destino nos traz o que mais precisamos
Após algum tempo, Laura conseguiu ingressar na Universidade pública e cursou medicina. Como médica, se tornou assistencialista de carentes.
Jomara Lemos – Porto União/SC – Brasil