Era o ano de 1988 e havíamos recém chegado do Brasil, onde havia vivido minha mais tenra infância. Chegamos à casa de meus avôs que era na zona rural e num belo domingo, minha mãe nos informa de que havíamos sido convidados a comer um churrasco na casa de umas tias. Pensei comigo:

– Que delícia! Adoro churrascos, pois adoro carne de gado, de porco de frango, adoro as saladas de maionese e todas as outros acompanhamentos.

Fomos caminhando devagar, para a casa das tias, pois as ruas da vila onde fomos morar eram de terra e pedra, mas ficavam a somente uns 6 ou 7 quarteirões de distância.

Chegamos ao casarão antigo das tias, um sobrado grande, de zona rural, de muitos quartos e lá, como em todo o sul do Chile, o lugar onde as pessoas se reúnem é na cozinha, ao lado do fogão à lenha…

Enquanto conversávamos, eu espiava e esticava o pescoço para ver janela afora onde estavam fazendo o fogo e onde havia fumaça para fazer o churrasco… e não conseguia enxergar nada…

Depois de meia hora de conversa começaram a servir uns pedaços de massa feita numa frigideira que a podíamos acompanhar com manteiga, geléia, queijo ou qualquer outra coisa que estivesse na mesa, confesso que não me lembro do resto que havia servido na mesa, de tão nervoso que eu estava àquela altura… eu seguia pensando:

– …Mas cadê o churrasco? Não vou comer muitas dessas massinhas para guardar “espaço” para o churrasco…

Depois de uma hora e meia, mais ou menos, pergunto para a minha mãe onde estava o churrasco pois eu não aguentava mais de fome, minha barriga já parecia um trator, fazia tanto barulho que eu tinha a impressão que as pessoas de lá de fora da casa poderiam ouvir… foi quando minha mãe me olha e me responde:

– Estas massinhas são o churrasco, filho! Minha nossa, esqueci de te contar que aqui no Chile o churrasco não é o mesmo que o Churrasco do Brasil…

Quase desmaiei, não só pela fome que me assolava, mas também de desgosto!!

Meu nome é Antony Walls, moro em Puerto Varas – Região dos Lagos no Sul do Chile.