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O cavalo assassino

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Este evento ocorreu no interior do Paraná, próximo a Pinhão, uma cidade que fica entre Foz do Areia e Guarapuava e no meio da tarde resolvemos ir embora, para não ficar tarde demais, pois ali a região era muito perigosa, por ter muitos bandidos e sujeitos mal-encarados. Quando estávamos voltando para casa eu e o Emerson, paramos num bar para tomar uma água e ao descermos do carro percebi que na entrada do bar haviam 3 cavalos amarrados.

O bar era pequeno, uns 30 m², mas me assustei quando vi mais de 40 homens “apinhados” lá dentro, todos usando armas (facas, facões, revolver) e por estar superlotado o bar, não havia onde sentar. Ficamos em pé no balcão, ao lado de um senhor de uns 85 anos, que depois de uns 10 minutos anunciou a todos que estava indo embora. O cara mais alto do bar, um cara que tinha duas cartucheiras, uma espingarda, um revolver e uma faca na cinta, juntou as duas mãos e pediu para o senhor que estava saindo:

– A bença[1], vô!

– Deus te abençoe, Amâncio, meu querido neto! E foi embora.

Não se passaram 5 minutos, quando de repente o senhor volta com a camisa cheia de sangue, na cintura. Foi quando Amâncio, se levanta e pergunta o que havia ocorrido e seu avô responde:

– Foi o cavalo, quando fui apertar a sela, ele me deu uma mordida que me arrancou um pedaço.

Amâncio, que naquela altura não estava manso, se levanta bravo, diz e se dirige para a frente do bar:

– Vou mostrar como se “embarriga[2]” um cavalo!

Todos do bar saíram para ver o que ia ocorrer. Quando Amâncio dá um apertão na sela, o cavalo se vira para mordê-lo e Amâncio dá um passo para trás e deu um soco na cabeça do cavalo que fica totalmente atordoado. Eu, pra ser franco, fiquei com dó do cavalo, foi quando pensei:

– Mas bem que o cavalo mereceu por ter mordido o velhinho. Mas meu Deus do céu, se eu levar um soco desse troglodita. Bom eu não mereço, pois não mordi ninguém…

 

O problema é que o cavalo não ficou bem “embarrigado” e Amâncio teve que apertar de novo a sela do cavalo, e foi quando o cavalo de novo se vira para dar uma mordida, Amâncio se arca novamente e o cavalo pega a faca que estava na cintura do Amâncio e rasga-lhea barriga com a faca. Foi quando Amâncio percebe que tinha recebido um rasgo na barriga e se abaixa e o cavalo termina o serviço e crava-lhe a faca na nuca. Amâncio cai morto instantaneamente.

Quando eu vi aquilo, fiquei branco que parecia um papel sulfite e disse imediatamente para Emerson:

– Vamos embora, que “a coisa vai feder”[3] aqui.

Náo deu nem tempo de eu terminar e o dono do bar grita:

– Daqui ninguém sai, todos ficam até que a polícia chegue.

Tentei escapar, mas não teve jeito, tivemos que esperar por mais de duas horas e quando a policia chegou tirou as armas de todos e somaram-se mais de 80 armas (facões, revolveres, espingardas, estilingues, foice, inchada, entre outras). Foi quando o delegado chama a polícia técnica, já eram umas 3:30 da manhã, quando chega a policia técnica, com uma série de ferramentas diferentes: luvas, lentes de aumento e um pózinho azul que eles jogaram em vários lugares.

Passados uns 40 minutos, já eram umas 4:15, quando o delegado informa a todos:

– Resolvido o problema, estão todos dispensados!

Foi quando Emerson pergunta ao delegado como eles tinham concluído o caso, que lhe reponde:

– Caso resolvido, pois vocês tem muita sorte. Sorte porque o cabo da faca é de madeira e a “impressão dental” do cavalo ficou-lhe gravada não restando nenhuma dúvida de que foi o cavalo o assassino e por isso ele vai preso!

[1] “A bença” – termo típico brasileiro que significa que se pede uma “benção” da outra pessoa, normalmente mais velha e da família.

[2]“Embarrigar”- apertar a sela de um cavalo.

[3]A coisa vai feder – significa que a situação vai piorar e vai ficar feia.

 

Autor
Meu nome é Mário Pedroso, tenho 3 filhos, sou corretor de imóveis, moro no interior de Santa Catarina, na cidade de Porto União, Brasil.

 

O cavalo assassino
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